Doce Espera: diário da mamãe e do bebê

[Texto] Assassinado pela Mãe. Carbonizado pelo Padrasto.

Olá Leitores,

Nem tudo o que lhes trago é felicidade, pois é ilusório. O mal existe e onde menos imaginamos. Fiquei perplexa ao ler esse depoimento e não tenho como não compartilhar aqui com vocês, porque é mais que triste! É desumano!




❝ Por ser gay eu fui traído por aqueles que disseram ser minha família. Por ser gay eu fui odiado até o último momento de vida. Por ser gay eu não fui um bom filho, é o que a mamãe sempre dizia.


Por ser gay eu lutei contra todos os estigmas. Por ser gay eu rejeitei opiniões alheias ao meu respeito. Por ser gay em algum momento, em vida, eu revidei os tapas, os insultos, as críticas.



Por ser gay me tiraram a vida, me afastaram dos meus sonhos, me roubaram dos meus amigos. Por ser gay esvaziaram minha cesta de sorrisos e aqueles que precisavam das minhas gargalhadas hoje estão chorando sentindo minha falta.


Por ser gay minha mãe me deu uma facada, me viu morrer, me viu sangrar enquanto meu corpo agonizava. Por ser gay meu padrasto me arrastou até um canavial, me ateou fogo, tentou se livrar dos meus restos mortais.


Por ser gay eu deixei o mundo mais cedo, nunca terei a chance de ir a lugares que eu não conheço. Por ser gay eu fui uma vítima, eu tive meus motivos para lutar, não fui santo, mas não mereci sentir o meu corpo a queimar.


Por ser gay eu não serei o último, depois de mim muitos como eu serão ceifados. Por serem gays eles serão sequestrados, atacados, queimados, talvez esquartejados. Por serem gays, na maioria das vezes, eles não terão ninguém ao lado. Por sermos gays, entenda uma coisa, estamos sendo mortos e ninguém está fazendo nada.


Por ser gay eu fui embora e eu não voltarei mais, cuidem do meu corpo, façam justiça para que eu descanse em paz. ❞



— Em memória de Itaberli Lozano, 


Assassinado pela Mãe. Carbonizado pelo Padrasto.

Autor do texto, Igor Ruzo. Publicado em Sentimento Gay

Comentários