Doce Espera: diário da mamãe e do bebê

[Contos de Halloween] O Tabuleiro por M. S. Nascimento AN

Olá Leitores!

Mais um conto de arrepiar os pelos do pé! Depois de ler esse conto lembre-se: NUNCA ESTAMOS SOZINHOS! Boa leitura!!


Camila era uma menina de dezesseis anos, com cabelos lisos e loiros, olhos verdes e corpo magro. Ela ajudava a mãe a limpar o porão de casa quando achou um jogo muito intrigante. A caixa era feita de madeira e tinha a palavra “Ouija” esculpida ali e pintada de vermelho. 

Ao abrir a caixa ela viu que tinha um tabuleiro contendo todos as letras do alfabeto, números de zero à nove, no final a frase “good bye” e em cima, em cada canto, tinha escrito “sim” e não “não”. Junto a esse tabuleiro tinha um objeto feito de madeira nas bordas e com vidro no meio. Ao tirar essas duas coisas da caixa achou um papel velho, todo amarelado, e no topo tinha escrito “INSTRUÇÕES”. A menina logo começou a ler.


INSTRUÇÕES
1. Nunca jogue sozinho, são necessários no mínimo duas pessoas.
2. Nunca permita que os espíritos levem o ponteiro para as extremidades do tabuleiro de forma que eles possam sair. É assim que ocorre a possessão.
3. Se                    se mover                          para significa
4. Se o ponteiro oito repentinamente                             espírito
5. .
6. 


Depois daí Camila não conseguia mais ler o que estava escrito, pois as palavras já tinham se apagado. Uma vontade muito grande de jogar aquele jogo consumiu os pensamentos da menina. Ela guardou as coisas dentro da caixa, e correu para o seu quarto com a caixa em mãos, sem que sua mãe percebesse.

Ela deixou a caixa em baixo da cama e pegou o celular que estava em cima de sua escrivaninha e deu toques na tela até abrir a lista de contatos e ligou para três amigos que ela tinha certeza que aceitariam: Paula, Gabriel e Aline. Eles marcaram de ir para a casa de Camila no dia do Halloween.

A semana passou e logo o dia do Halloween chegou. Todas as casas da rua estavam enfeitadas com os mais diversos enfeites, lanternas de abóbora, esqueletos, caixões, teias de aranha, entre outros. As crianças já estavam todas fantasiadas na rua, com saquinhos prontos para serem enchidos de doces.

A mãe de Camila era enfermeira e tinha pegado essa noite de plantão, o pai tinha sumido desde que soube da gravidez de sua mãe e nunca mais voltou. Assim que a mãe foi trabalhar, Camila tirou a caixa de baixo da cama e arrumou o jogo no chão, junto a algumas velas que iluminariam o local. Ela esperou mais alguns minutos até que a campainha tocou e ela logo abriu a porta.

- Oi gente, até que enfim – Camila deixou que os três amigos entrassem e fechou a porta. Os quatro subiram as escadas e foram para o quarto dela.

Gabriel era alto e corpo definido, porém magro. Ele era caucasiano e tinha os cabelos castanhos, assim como seus olhos, usava uma calça jeans e uma camiseta escrito “Happy Halloween” com caveiras desenhadas em torno das palavras.

Paula era baixa e morena. Seus cabelos eram pretos e cacheados e seus olhos eram verdes, o que fazia com que sua beleza fosse ainda maior. Ela usava um short jeans e uma camiseta com um zumbi estampado na frente e escrito “Halloween atrás”.

Aline era um pouco mais alta que Paula e era caucasiana. Seus cabelos eram pretos e lisos, chegavam à altura da cintura. Ela usava um short jeans e uma camiseta escrito “Doces ou travessuras?”.

- Que jogo é esse? – Aline, a mais medrosa do grupo, perguntou.

- Ouija. Um tabuleiro espírita – Camila respondeu empolgada.

- Vamos jogar com espíritos? – eles podiam ver o medo nitidamente no rosto dela.

- Ah, o que foi Aline? Já vai dar pra trás? Medrosa – Paula provoca a menina.

- Claro que não, eu vou até o final – Aline tentava disfarçar o medo, porém sem sucesso.

- Tá, vamos sentar ao redor desse tabuleiro – Camila apagou a luz e sentou no meio de Gabriel e Paula. Logo depois pegou o isqueiro e acendeu as velas, iluminando minimamente o quarto.

- Admito que meu coração deu uma acelerada agora – Gabriel fala e em seguida ri acompanhado pelas amigas.

- Bom, aqui tinham umas instruções, mas a maioria está apagada. O que sei é que não podemos deixar o espírito levar esse ponteiro para fora do tabuleiro, se não ele foge e possui um de nós – Camila explica ao grupo e coloca o ponteiro de madeira e vidro no meio do tabuleiro. Os quatro colocam o dedo indicador na beirada de madeira do ponteiro.

- Me chamo Camila, estou aqui reunida com Paula, Gabriel e Aline e gostaríamos de saber se tem alguém aqui – Camila começa o jogo e espera alguns segundo até que as chamas das velas tremem um pouco e o ponteiro começa a se mexer e para em cima da palavra “sim”, em seguida volta para o meio do tabuleiro.

- Ah gente, para. Quem tá mexendo isso? – Paula olha pros amigos, não acreditando no que tinha acontecido.

- Creio eu que se mexeu sozinho – Camila fala com brilho nos olhos.

- Você que se encontra aqui com a gente, é um espírito do bem? – Gabriel pergunta, interessado por aquele jogo. Alguns segundos de espera se passaram e eles ouviram barulhos fora do quarto, logo depois o ponteiro andou até a palavra “não”.

O coração dos quatro amigos acelerou e parecia que iria sair pela boca. Se o espírito realmente for do mal, eles estariam correndo perigo. Quem sabe o que eles poderiam sofre ali?

- Eu não Quero mais brincar disso – Aline tinha os olhos cheios de lágrimas, o medo tinha a consumido por completo.

- Deixa de ser frouxa – Paula olha para Aline e a provoca, a fazendo continuar.

- Você poderia nos dizer o seu nome? – Camila continuou com as perguntas. O ponteiro começou a se mexer entre as letras:  “C”,”R”,”I”,”S”,”T”,”I”,”A”,”N”,”O”,”A”,L”,”C”,”A”,”N”,”T”,”A”,”R”,”A”.

Nesse instante todos ficaram parados, parecendo estátuas, e calados. Cristiano Alcântara foi um assassino cruel que em mil oitocentos e noventa e oito, numa noite de Halloween, matou e esquartejou mais de vinte crianças ali naquela mesma casa onde eles jogavam agora. O homem não foi visto desde então. Seu nome tinha se tornado um medo para todos, há quem diga que um dia ele voltaria para buscar mais crianças.

- Gente.. – Gabriel finalmente quebrou o silêncio – esse não é o... – seus pensamentos ficavam cada vez mais embaralhados devido ao medo.

Uma menina aparentando ter nove anos de idade, loira e de olhos azuis, com roupa de bruxa apareceu do lado de Paula. Seus olhos estavam cheios de lágrimas e ela oscilava, uma hora ela estava normal e no outro seu corpo estava repleto de ferimentos e sangue.

- Corram – todos conseguiram ouvir a voz dela em meio ao choro. No segundo seguinte ela saiu correndo pelo quarto e sumiu.

Vozes de crianças começaram a ser ouvidas, todas elas choravam, gritavam e falavam: “corram”. Os quatro se levantaram e ficaram juntos, tudo aquilo os estava aterrorizando e eles não conseguiam por os pensamentos no lugar para poder pensar o que fazer.

- Acho melhor sairmos daqui – Gabriel falou e logo começou a correr em direção a porta, seguido pelas meninas, porém ao tentar abri-la percebeu que estava trancada e que eles estavam presos ali.

Sem que eles vissem um vela caiu no chão e rolou até a cortina, colocando fogo na mesma. Depois de alguns segundo eles ouviram o barulho de algo caindo e ao olharem para ver o que tinha sido, o ponteiro estava caído no chão bem longe do tabuleiro. Nesse momento todos se olharam e era perceptível o terror em seus rostos.

- Não acredito que isso está acontecendo – Aline falou se afastando, seu corpo estava tremendo.

Algo começou a bagunçar todo o quarto; a cama foi arrastada e o lençóis jogados no chão, os livros junto a papéis que estavam em cima da escrivaninha voaram pelo quarto, as portas do guarda roupa foram abertas e as roupas que estavam ali dentro foram jogadas no chão.

- Socorro, socorro! – Aline começou a bater na porta e a gritar, esperançosa de que alguém a ouviria e a ajudaria.

Camila começou a se sentir mal, seu estômago doía e a deixava enjoada. Seu corpo começava a suar e sua visão começava a ficar turva, ela enxergava tudo rodando e embaçado. Ela sentia seu corpo começar a ficar cada vez mais fraco e logo caiu desmaiada.

- Camila! – Paula foi até a menina e se abaixou – não, não. Acorda – ela balançava a amiga na tentativa de fazê-la acordar.

Camila abriu os olhos, porém eles estavam totalmente pretos e pareciam estar sem vida. A expressão de um psicopata tomava conta de seu rosto. Não era mais a mesma Camila que eles conheciam, algo tinha mudado.

- Camila? – Paula perguntou receosa.

- Ela não se encontra mais conosco – a voz de Camila estava diferente, como se fosse a mistura da voz de um homem com a voz de uma menina.

- O que você fez com ela? – Paula empurrou o corpo da amiga e saiu correndo.

- Isso não importará, logo todos vocês estarão mortos – Camila levanta como se seu corpo estivesse mais leve, quase como se pudesse voar, e corre em direção a Gabriel segurando-a pelo pescoço – vamos começar por você.

Aline e Paula correm para a janela e começam a gritar desesperadas enquanto batiam no vidro. Camila aperta com força o pescoço de Gabriel, arrancando a cabeça dele fora e espirrando sangue pelo local. Ela joga o corpo do rapaz no canto do quarto e corre em direção a Paula.

- Não, por favor! – Paula grita ao sentir uma mão puxar seus cabelos e a jogar no chão. Camila começa a rir freneticamente e começa a arranjar profundamente o corpo da amiga com as próprias unhas, fazendo-a gritar de dor.

- O gosto do seu sangue deve ser maravilhoso- Camila levou a boca até a orelha de Paula e depois de sussurrar no ouvido da menina, mordeu a orelha da mesma e a puxou com força a arrancando e fazendo com que sangue começasse a sair por ali sujando ainda mais o chão – delícia – a boca de Camila estava repleta de sangue enquanto ela mastigava aquele pedaço de pele e cartilagem.

- Por favor não me mata – Paula suplicava, o medo da morte a consumia por inteiro.

- Desculpe, seu pedido não pode ser atendido – Camila volta a rir e com a amiga ainda viva começa a arrancar os membros da mesma, fazendo-a gritar ainda mais alto de dor. Assim que terminou correu em direção à Aline, porém a menina tinha conseguido quebrar o vidro da janela e antes que Camila pudesse pegá-la, pulando para o lado de fora.

Aline bateu com a cabeça no chão e morreu na mesma hora. Uma possa de sangue começou a se formar em volta de seu corpo. Camila permaneceu parada na janela olhando o corpo de Aline já sem vida e depois de alguns minutos saiu da casa e continuou andando. A menina nunca mais foi vista e até hoje todo Halloween três crianças morrem e uma desaparece.




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